quinta-feira, 18 de março de 2010

Resposta à Carta de Anita X

Querida Anita.

De volta ao início. Cartas antigas amontoadas, jogadas por debaixo da porta. Contas a acertar. Com quem? Talvez eu esteja sempre errado.

Ontem você rumou para seu novo destino. Ou terá sido hoje? Não posso dizer que você me deixou.

Muitas saudades. E descubro que podemos sentir falta daquilo que nunca tivemos...

Talvez a distância me permita certa intimidade que a proximidade dificulta. Talvez eu não tivesse a coragem de dizer pessoalmente o que te digo em cartas.

Não lamento nem festejo a impossibilidade de nosso amor. Constato.

Impossibilidade? Inexistência? Será que nos amamos e não sabemos? Será que não sabemos nos amar? Será que não nos amamos, mas imaginamos um amor impossível entre nós para amarmos esse amor e assim nos contentarmos com nossa incompetência para amar?

Não sei se devo pedir desculpas. Não sei se errei. Releio suas cartas. Se um desconhecido um dia lesse sua primeira carta para mim e lesse esta última não conseguiria imaginar que você se dirige a uma única e mesma pessoa.

Será que vivemos - nós dois - sempre no mundo da imaginação? Suas palavras me alimentam. Será que confundimos o que sentíamos? Será que erramos – ou errei – ao me aproximar corporalmente de você?

Que venham suas letras, que venham suas imagens. Se fui a brisa desses seus dias quentes, você foi o alento desses meus dias tépidos.

Abraço – se me permite – muito afetuoso

do SEU

Caio

Carta ao Élvio

Você correu para o abraço.
Foi você.
Talvez sim.

Querido Élvio.

Te escrevo esta carta, mesmo sem saber se você algum dia vai ler. Acho que acredito que ao traçá-la produzo um acontecimento que muda alguma coisa na vida. Ou talvez seja apenas a esperança de que, se não você, alguém algum dia lerá o que escrevo e poderá fruir estas palavras. Mas acho que não. Ter escrito será suficiente para mim. Disse que não sei se você lerá “estas mal traçadas linhas” porque posso não terminar esta missiva. Posso também terminá-la e não entregá-la. Por falta de ocasião, vergonha, medo ou por outro sentimento qualquer que me impeça de viver o momento de verdadeira exposição e todas as suas consequências. Mas quem sabe eu conseguirei chegar ao fim desta carta e “heroicamente” entregá-la. Você, por vergonha, medo ou qualquer outro sentimento que te impeça de receber um verdadeiro momento de expressão de afeto, ou apenas porque eu te entregarei esta carta em ocasião pouco apropriada, vai pegar o envelope, olhar nos meus olhos e dizer obrigado, vou ler mais tarde, com calma. Aí você vai abrir sua pasta, pegar o livro do David Byrne, guardar a carta e esquecê-la. Já posso ver no futuro, alguém da sua família, abrindo aquele livro do avô ou do tio avô, de uma época em que fazia sentido lutar por um mundo com menos carros e mais bicicletas e descobrir esta carta nunca lida. Quem pode, quem poderá dizer para quem esta carta está sendo escrita?

Mas o que eu quero é te falar da dificuldade de compreender o abraço. Há uns dez dias atrás, numa despedida, nos abraçamos com uma tal proximidade que desentendi o que é um abraço.

Os abraços, como as cartas, podem ser afetuosos, cheios de desejos, de solidariedade, formais, desajeitados, temerosos. Nosso abraço começou no afeto, passou pelo desejo, esbarrou no medo, desajeitou-se e finalmente firmou-se no acolhimento de si e do outro. Aprendi ali e naquele momento que um abraço pode ser abertura, encontro. Encontrei o Caio Marques que só existe com você. Encontrei o Élvio que só existe com o Caio Marques. E nos embalamos.

Lembrei-me do abraço daqueles dois. Lembra? De uma virilidade assustadora, cheia de raiva pela impossibilidade de viver aquele amor. De um contato violento, que causava medo diante da profundidade com que tinham se tocado. De uma beleza extrema, que sacia nossa ânsia de sintonia. Você dizia que era amor. Olívia dizia que era amizade. Eu dizia que era amor e amizade e que cada um a cada vez sentia seja amor seja amizade e que eles nunca se encontravam.

Quero que você me abrace mais vezes. Quero te abraçar mais vezes. Sentir a palma das tuas mãos nas minhas costas. Tocar as tuas costas com a palma das minhas mãos. Deixar que você me faça sentir uma parte de mim que não vejo. Te fazer sentir uma parte de você que você não vê. Porque em alguns trechos não somos visíveis, apenas táteis.

Um beijo.
Caio Marques
Querida Olívia.

Confesso. Você me preocupou hoje. Não resisti e, ao invés de preparar os documentos para a reunião de amanhã (você sabe que com freqüência deixo para fazer parte do trabalho em casa à noite), decidi te escrever. Você já sabe como as palavras valem preciosidades para mim.

Quero te me falar amizade amor e sensualidade. Sei que não tenho uma vida assim tão cheia de aventuras, nem uma vida longa o suficiente para dar conselhos. Uma vez, e te asseguro não foi a única, marquei um encontro cuja intenção era ter uma boa noite de sexo. Ao chegar na casa do rapaz, deparei-me com uma enorme quantidade de discos e livros. Minha paixão pelos livros me levou de imediato para as prateleiras. Ele era meio hippie e colocava seus livros dispostos em tábuas, sustentadas e separadas em cada ponta por tijolos. Próximo às estantes de tábuas, muitas almofadas pelo chão. Sentei ali e enquanto aguardava que ele me trouxesse uma cerveja, reparei na grande quantidade de livros de e sobre Walt Whitman. Quando ele voltou, com seu sorriso leve e envergonhado e perguntou se eu tinha dito água ou cerveja, perguntei-lhe se ele gostava de Whitman. Ele não me trouxe a água. Ele não me trouxe o álcool. Sentou ao meu lado, pegou o violão e depois de saber que gosto das poesias de Whitman, quis me mostrar a música que ele tinha feito para um trecho de poema. Falou da sua pesquisa e de como ele lia esses poemas. Falou de música. Fumou. Tirou a roupa. Não toda. Falou que gostava de escrever, que gostava de enigmas. Falou do vigor poético, do poder de transformação da poesia. Falou da relação entre música e poesia. Falou. Falou. Ouvi. Falei. Ele me ouviu. Lembrou da água ou da cerveja. Não deixei que ele levantasse do colchão. Me abraçou e me disse que não tinha problema se eu não quisesse transar. Me marcou o alívio que senti. Não transamos. Dormimos abraçados. Tivemos muitas outras noites de conversa.

Noutra época, não sei mais dizer se antes ou se depois do que acabo de contar, tinha uma colega de trabalho muito próxima. Éramos grandes amigos. Andávamos de mãos dadas, andávamos abraçados. Ela também já amara homens e mulheres. Numa tarde, na praia, na hora de nos despedirmos, nos beijamos. Depois disso, descobrimos que nos amávamos. Quando deitávamos juntos, deslizava meus dedos sobre seu corpo, podia ler sua pele. Eram tempos longos, de contagem duvidosa. Sua respiração, seus seios fartos, um osso mais saliente, uma curva sobressaltada, o cheiro do seu suor, seu peso. Tanto me excitava. Juntos sob o sol escaldante. Juntos na água. Juntos ao relento. Juntos sob o azul do céu, sobre a grama. Só nós.

Te conto isso porque gosto de contar estórias. Fatos, lembranças, fantasias, invencionices: quero te dizer que o importante é estar atento ao caminhar da estória. Às vezes, a atração pelo olhar resulta no carinho e às vezes a proximidade do carinho resulta na atração. Às vezes a gente marca um encontro cuja intenção é ter uma boa noite de sexo. E tem. Às vezes a gente marca um jantar cuja intenção é ter um bom papo. E tem! Às vezes a gente marca um encontro cuja intenção é ter uma boa noite de sexo. Tem a noite. Tem o sexo. E não é bom. Às vezes a gente marca um jantar cuja intenção é ter um bom papo. Tem a noite. Tem o jantar. E é ruim. Às vezes. Ou as vezes. Revés. Como saber se a gente sente tesão ou carinho? Estando próximo, estando atento. Sim, entendo o que você diz. Mas eu gosto dessa imprecisão. Bom é estar perto das pessoas de quem a gente gosta e deixar que o inesperado brote dessa proximidade. Escrito assim parece simples. E é. Difícil é a gente deixar de querer complicar. Isso é extremamente arriscado. Tanto o rapaz quanto a moça poderiam ter se zangado comigo...

Um abraço muito forte para você,

Caio Marques

Carta ao Pedro

Querido amigo,

O tempo transcorreu e agora que me dei conta de que aqueles sentimentos dentro da sua bagagem dele germinaram em mim. Ocorreu que não fui suficientemente ágil. Não percebi se o baú tinha ficado ali propositadamente ou se tinha casualmente escorregado. Qualquer um perceberia a queda de um baú. Mas e se ele tiver caído sem querer e você tiver apenas desistido de levá-lo? Será que você percebera que eu estava ali e propositadamente o deixou para mim? Não terei respostas definitivas para essas perguntas. Não parei para pensar se elas são necessárias. Dentro do baú encontrei futuros improváveis, presentes reprováveis, segredos irreconhecíveis, um ou mais sonhos acalentados – ou será roubados? – por um futuro para sempre perdido. Beijos que por amor não foram trocados. Saudades. Carícias caminhando a esmo porque destinadas não encontraram seu corpo de destino. Fechei de imediato. Não queria isso para mim. Anteontem quando nos despedimos, percebi que você carregava outro baú. Voltei, como sempre, a pé para casa e me perguntava, o quanto podia, se o baú que você me deixou – propositadamente ou não – era apenas o rebutalho. O verdadeiro baú, aquele cheio de sentimentos nobres, ou de sentimentos positivos, construtivos talvez, o verdadeiro baú era aquele outro. O que você não me entregara. Adormeci triste. Quando acordei, senti uma protuberância inaudita nas minhas costas. Preocupei-me. Na hora do almoço, sob as árvores, abraçados pelo calor, embalados pela amizade, percebi que você sorrateiramente entregara outro baú. Estávamos em quatro. Fiquei desconcertado. Não compreendi o sentido do seu gesto. De noite, quando cheguei em casa, cansado das incansáveis disputas pelo poder no cotidiano, percebi que a protuberância havia se transformado numa planta. Cheia de folhas. Curiosamente não vi estranheza nisso. Adormeci alheio. Pela manhã, já sem esse corpo estranho dentro de mim, arrisquei te compreender. Você se dedica a encher baús. Propositadamente. Escolhe o destinatário e insere dentro dele os disparates mais apropriados para o sujeito. E entrega. Com isso, descobri que sua sinceridade está na força com que você envia seus sentimentos e não na adequação entre o que você sente e o que você expressa. Pouco importa se esse amor, dentro do baú, existe ou não. Ele germinou em mim. Assim como certamente germinou nos outros dois que estavam sob as árvores. E esse afeto, que não precisa ser sempre e só amor, cresceu rápido. E gerou uma sombra, sob a qual, num dia de muito calor vou te entregar a minha bagagem dele. Oxalá você abra e daí prepare mais baús cheios de sentidos sem serventia alguma.
Abraço,
Alberto

Poema do Amigo Pedro Domingues

Há algum tempo atrás, li esse belo poema de um amigo. Pedro me autorizou publicá-lo aqui.

Emocionei ouvindo
e ouvi perguntar se afastamos.
Não sei quando se começou,
mas sei que tento, e já há algum tempo,
não sentir o sentir por você.

É fato isolado mas que prende a uma dor
- não a do sentimento - a do devaneio.

É referência de coisas de muito valor:
alegria, força de vida, carinho solidário, pique e cumplicidade.
Um pouco de liberdade e tanto de vadiagem.
Uma indagação ansiosa sobre o que há de se aprender e uma velocidade para construir
pontes de amizade.
Uma irresponsabilidade junto a uma seriedade do olhar a vida.
Tudo muito bem empacotado.

Não me existia até lhe conhecer
e aí, eu passei a existir menos.
Mesmo sem que perdesse nada do que tinha quando inteiro.
Não dói, eu sim. Não por sua causa,
mas pelo que não há em mim.

Pior é nunca ter tido qualquer ilusão e,
o que para mim sempre foi fácil -
superar sentimentos, correspondidos ou não;
entregar-me a qualquer prazer, disponível ou não;
passar pelas pessoas sem deixar pedaços meus na estrada;
entrar e sair leve dos tempos e espaços - passou
e passou, no que vejo de mim para você, a ser tédio ou martírio -
e isso sem os dramas que normalmente agrego para valorizar minha razão -
E nem é você e não sou eu, mas o que imaginei - cópias melhoradas de mim para você
- motivaram-me bastante a buscá-las.

Um dia você comentou sobre gostar de mais de uma pessoa
e eu, que não enxergo nos entes propriedades,
tentei ser uma pessoa,ao menos dentro de mim,
mas não consegui.
Continuo deslocado do que entendo por gente,
preso no tempo, no desejo, no medo, no palácio, no munturo, na negação
- e nada disso tem relação com você.

Tenho num baú um monte de sentimentos que são seus.
Não serão resgatados,
não serão despejados,
não serão sentidos.
Um dia, quando o maleiro confundir minha bagagem sua com a de outra pessoa, eles
não terão serventia.
Se desfizerem a confusão, ainda assim, não servirão.
Ficarão lá, sem uso, porque sempre os soube alienados, sem chão onde germinar,
sem eu no rebote.

Ah, não estranhe o exagero, é próprio dos monólogos.
Da parte amiga e do baú, será impossível extirpar a saudade.
Das dores, serão postas em oratório e não causarão mais danos.
Serão adornos.
Confeites de um bolo cenográfico, não afeito ao paladar.

Nada disso me tira a alegria de encontrar você nem a presença possível de nós dois.
Subtrai somente o desejo imperativo de concretizá-la.
Esta, em termos de afeto, empatou com sua ausência
e não compartilho meu constrangimento.
Aliás só o consigo expor assim.
Numa poesia truncada que não precisou de você pra ser escrita.

Escrito por Pedro Domingues

segunda-feira, 1 de março de 2010

Carta para Anita: visita surpresa



Anita querida,

preciso de você!

Imagino você batendo na minha porta de surpresa. Abro e o desejo de te abraçar é tão grande quanto o desejo de prolongar a surpresa de sua chegada, prolongar a sensação antes do abraço. Você entra e se dirige ao meu pomar, onde está minha cachorra. Deleito-me com a visão do seu rosto e com sua reação às lambidas dela na sua mão. Me encanto com esse carinho. Finalmente, você vem na minha direção e me abraça. Um abraço já destituído da surpresa inicial e do prazer de tê-la onde moro. Um abraço quase formal. E talvez eu me entristecesse. Mais provável que não. Você não para de olhar ao seu redor. Não sei se encantada. Com certeza curiosa. Como se dissesse que, apesar de todas as descrições que fiz da minha casa, você estava surpresa, não imaginara desse jeito. E desanda a me fazer perguntas sobre a casa, sobre os objetos, sobre as plantas, sobre a cachorra. Eu me sentiria, em algum recanto do meu ser, deixado de lado, à margem do seu devaneio. Para garantir sua presença, te ofereço uma água, te ofereço um vinho e pergunto o que te levou a vir à minha casa. Você suspira, senta numa poltrona da minha sala. Será que você suspira com frequência? O início da sua resposta é interrompido pelo gosto agradável do vinho. E você diria, brincando, que o vinho faz a ocasião. Eu rio. Sei, de certa forma, o que você quer dizer com isso. Rio das outras possibilidades que a frase desperta em mim. Rio da sua agilidade. Rio porque você me responde e não me responde. Você termina de beber o cálice de vinho, levanta-se. Imagino que você vai até a estante de livros. Você nem mesmo olha na direção dos livros. Olha para as conchas, algumas esculturas de barro que meus filhos fizeram quando eram pequenos. Pega uma pequena escultura com forma de cabeça humana e observa uma parte quebrada.

Eis-me imaginando como você seria...

Talvez não seja isso que se espera de uma carta. Talvez eu devesse falar de mim, expressar-me. Será que não fiz isso?

A solidão é o sentimento mais forte em mim. Tanto grito em mim que quero encontrar alguém quanto transpiro visivelmente a força da solidão. Perdoe-me por falar de modo assim tão estúpido, mas é como se, em alguns momentos, eu transpirasse a solidão da morte. Da morte? Por que da morte? Da vida, isso sim! Nem sei bem porque falei sobre isso. Acho que porque nos últimos tempos o lugar que mais conheço são os quartos de hotel. Nos falamos de novo? Espero que em breve.

Abraço,

Caio Marques

Carta para Maria Claudia Canto fev 2010



Brasília/Natal (voo), 05 de fevereiro de 2010.

Querida Maria Claudia.

Quem deve ser ou quem pode ser o meu personagem? Quem deve ou pode ser o interlocutor da Anita? Ainda não sei, mas sei que como sugestão sua de registro do processo criativo, pretendo te escrever cartas! Pensamos hoje, mais cedo, no almoço na sua casa, que talvez o meu personagem pudesse ser um personagem criado pela própria Anita. Há pouco imaginei algo inusitado: e se eles não escrevessem especificamente um para o outro? E se as cartas parecessem se “corresponder”, mas não houvesse “correspondência”? Como resolver isso? Uma vez escrevi um diálogo para uma peça que brincava com isso. Uma personagem, Eurídice, repetia umas quatro vezes uma sequência de frases enquanto seu interlocutor, Orfeu, fazia perguntas que “combinavam” com as respostas, mas percebia-se que não havia diálogo, pois as respostas de Eurídice eram mecânicas. Era mais ou menos assim:
- Pronto?
- Quase.
- Mas há horas você está aí e nada!
- Só mais um pouquinho...
- Como só mais um pouquinho?
- Exatamente.
- O que você quer dizer com isso?
- Exatamente o que eu disse.
- Nós vamos chegar atrasados!
- Quase.
- Você vai ou não vai abrir a porta?
- Só mais um pouquinho...
- Desse jeito eu vou acabar perdendo a cabeça!
- Exatamente.
- Repete!
- Exatamente o que eu disse.

Enfim, não lembro bem das palavras, mas a situação era mais ou menos essa. Digamos momentaneamente que vou escrever as cartas de Artur. Anita dirige-se a alguém que não é esse Artur, mas o leitor não sabe a verdade. Na verdade, Artur ( o meu) achou as cartas de Anita num baú e resolveu respondê-las. Mas não sabemos se o destinatário a quem Anita enviou as cartas é o Artur. Os dois vivem necessariamente em épocas diferentes. O Artur, para quem Anita escreve, não precisa nem mesmo existir. Pode ser uma ficção da Anita. Ou pode ser alguém para quem Anita não tinha coragem de entregar as cartas. O Artur que responde pode ser alguém que descende de Anita ou pode ser alguém que descende do verdadeiro Artur para quem Anita escreveu as cartas. Ou nenhum dos dois. Bom, preciso com urgência criar um blog, ainda que ele comporte inicialmente apenas as cartas desse processo de criação. Estou feliz que estamos juntos nesse movimento.
Beijo,
Alberto