quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Dia 02 de fevereiro


Querido Virgílio.

Há muito não encontrava alguém assim. Que aguentasse o tranco. É que não vim a passeio. E a vida para mim é um caldeirão de sentidos. E pelas corredeiras que me desenham, as águas jorram vigorosas. Há quem se banhe. Há quem se deixe levar. Há quem atire pedra. Há quem crie barreiras.

Você choveu em mim.

E as suas águas de céu fazem parte de mim agora. Não sei viver de outro modo. Não quero. Será você um “domador de águas”? Eis que surge dançando entre meneios e golpes, exibindo os dentes inúteis (ao menos para as águas), a dar gargalhadas e com voz bêbada (sei lá de quê) e pronuncia algo carinhoso e debochado. Meu tumulto se esvai, lançando-se do despenhadeiro: eis a tinta com que te escrevo.

Oxalá, você prossiga assim, ora margens do meu curso, ora abismo em que me lanço, ora lago em que me acalmo, ora ondas com que brinco.

Essas são as cores do imenso amor que vive em mim por você.

Todo seu.
Caio