quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Evandro,

um susto. Rápido quanto. Casual. E eu estava sentado à sua frente na mesa do bar. Ah, verdade, havia outro homem ao seu lado. Eu desinteressado. Claro, você não vai acreditar. Fiquei confuso com tudo o que aconteceu. Acho que sou meio burro em relação ao amor e ao sexo. Jocoso, me pediu em casamento. Nos conhecíamos há alguns meses, mas não tínhamos intimidade alguma. E insistiu. E jocoso. Constrangi-me. Ou foi você que me constrangeu? Sei não. E perdi-me. Até que em sua confissão, a brincadeira rimou verdadeira. E rápido minha perna estava entre suas pernas e me fez carinho e bebeu e me beijou.
E então? Na minha, então. Você não contou os degraus. Não lembrou dos compromissos da manhã seguinte. Não percebeu aonde deixou sua chave, não me esperou. Gozou do prazer de estar na minha casa. Tudo rápido. Apenas dois ou três lampejos de hesitação. Não precisou me convencer de irmos para sua casa.
Recolhemos as roupas. Nos agasalhamos. Você zeloso da ordem. Com medo da punição. Talvez certo da necessidade da ordem. Sem capacete, não fui atrás de você. Te segui. Na sua casa, então.
Na sala, nos quartos, na cozinha, tudo estava perto do fim. Pilhas de caixas, de sacos e de móveis. Etiquetas carregadas de estórias – o seu nome e o dele – diziam o destino de cada caixa, saco e móvel. Nossa noite foi bela, no meio da minha mudança e em meio à sua desordem. De manhã, depois do café, a preguiça e o carinho.
Hoje, passado tempo, em minha casa, me pergunto para quem ficou a toalha de rosto com o nome bordado de cada um de vocês. Hoje, passado tempo, em minha casa, me pergunto que medida tem cada uma das rimas da confissão. Hoje, passado tempo, em minha casa, pelos sentidos dessa noite que foi nossa, me pergunto.
Todo seu,
Caio

2 comentários:

  1. Gostoso,simples, intenso...sei lá!
    Faz bem te ler.
    Abração!
    Berzé

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  2. Berzé, que bom que você gosta do que escrevo. Pena que eu sou tão analfabeto nessa internet e não consigo achar um jeito de me conectar com você. Quem sabe um dia você desenha algo e eu escrevo inspirado pelo que você desenhar e vice-versa. Ou você faz apenas quadrinhos? Fique ligado porque o Caio e o Alberto voltaram a escrever com mais regularidade. Abraço procê também! Alberto

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